“Os romanos, vendo de longe de longe
as perturbações, sempre as remediaram e nunca as deixaram seguir seu curso,
para assim evitar guerras, pois sabiam que a guerra não se evita, mas se é protelada
redunda sempre em proveito de outros. Assim empreenderam as guerras contra
Felipe e Antíoco na Grécia, para não ter que fazê-la na Itália; podiam tê-la
evitado, mas não o quiseram. Não lhes agradava fiar-se no tempo para resolver
as questões, como os sábios de nossa época, mas só se louvavam na própria
virtude e prudência, porque o tempo leva adiante todas as coisas, e pode mudar
o bem em mal e transformar o mal em bem.” (O Principe – Maquiavel)
“César Bórgia, filho do Papa Alexandre
VI, o “Duca Valentino” que Maquiavel viu
de perto e tanto admirou conquistou a Romanha e impôs-lhe ‘um bom governo que a
pacificasse, fazendo-a obediente ao seu domínio’. Conta Maquiavel: ‘Com esse
fim nomeou Ramiro de Lorgue, homem capaz e cruel, a quem delegou a mais
completa autoridade. Em pouco tempo ele instaurou ordem e unidade, alcançando
por isso grande fama. Depois disso, o Duque, considerando desnecessária tão
excessiva autoridade, para não tornar-se odiado nomeou um tribunal de justiça
civil, no meio da província, sob a direção de um excelente presidente e junto
ao qual cada cidade designou um advogado. Como sabia que o rigor aplicado no
passado tinha criado um certo ódio, a fim de purgar o espírito do povo e
conquistar inteiramente sua lealdade decidiu mostrar que não era responsável
pelas ações cruéis que tinham ocorrido, atribuindo-as à dureza do governador. E
na primeira oportunidade mandou matá-lo, cortá-lo pelo meio e colocá-lo, certa
manhã, na praça pública de Cesena, tendo ao lado um pedaço de madeira e uma
faca ensanguentada. A ferocidade do espetáculo causou espanto e satisfação ao
povo.” (O Principe – Capitulo VII – Cadernos da UNB – Seminário na Universidade
de Brasília - Sérgio Bath)
Maquiavel não era um filósofo na acepção da palavra,
nunca foi acadêmico, sua obra se baseia principalmente sobre sua vivência
adquirida a serviço da República Florentina após a expulsão dos Médici servindo como emissário e diplomata
subalterno. Era um descendente pobre da nobreza toscana, filho de um advogado, que leu na juventude os clássicos latinos e
as obras italianas em uma Europa renascentista. Ele imaginava uma Itália
unificada e longe do assédio dos reis estrangeiros e do papado, o retorno da
antiga glória da civilização romana sob o poder de um só monarca esclarecido.
Foi escritor dramaturgo com razoável sucesso de suas comédias que eram
conhecidas pelo povo. Entretanto uma de suas obras, com certeza não a mais extensa:
”O Principe”, granjeou-lhe fama para a posteridade, mas nem sempre foi bem
compreendida, por alguns foi considerado como libelo conspiratório, a ponto de
criar-se o vocábulo pejorativo que é adjetivado pelo seu nome: “maquiavélico”,
como algo com sentido oculto para enganar, criar um complô ou cizânia provocada
para iludir e dominar.
Sua outra
obra: “A Arte da Guerra” também corroborou no sentido de alguns detratores
associarem seu nome a admiração pelos conflitos armados sem querer considerar
ou perceber o meio instável politicamente em que o autor vivia e o momento
histórico que atravessava a península itálica dividida em pequenos principados
e repúblicas e a Europa em constante deflagração no embate entre monarcas
poderosos em busca de consolidar seu império a custa dos próprios súditos, em
sua maioria miseráveis tratados como simples peões do jogo de poder europeu.
Maquiavel,
um homem antes de seu tempo, na verdade criou no “O Príncipe”, um manual para
quem pretende alcançar o poder ou mantê-lo caso o tenha obtido contra o assédio
dos inimigos e as conspirações dos aliados de ocasião numa perspectiva realista
de alguém que conhecia as entranhas do poder e a condição humana sem falsos
idealismos. Sua obra se destaca pela originalidade e dele haver sido o primeiro
pensador político a concentrar sua observação naquilo que é, no comportamento
real do “homo politicus”, e não no dever ser do idealismo a que estavam
consagrados os tratados políticos normativos da escolástica e as utopias da
época. Ele contrapôs o seu realismo às utopias do Renascimento, de Tomas Moro,
Tomaso Campanela e Francis Bacon, que idealizaram repúblicas perfeitas em suas
obras, despreocupados de transpor a ponte entre o mundo das ideias e o mundo
sensível, herdeiros todos nesse sentido do utopismo platônico de “A República”.
Como foi
referido por Bertrand Russel sobre o conteúdo de “O Principe”: “Fazendo justiça a Maquiavel é preciso declarar
que ele não preconiza a vilania como princípio. Seu campo de investigação se
encontra mais além do bem e do mal, exatamente como sucede no caso das
investigações levadas a cabo por um físico nuclear. Se deseja conquistar o
poder assim proclama a razão: tem que ser implacável. Que isto seja bom ou mal
é farinha de outro saco, mas isso carece de interesse de Maquiavel. É possível
considerá-lo em falta por não prestar atenção a esta questão, mas é sem sentido
condenar-lhe pelo seu estudo sobre o poder político tal e como existia
realmente. Pois “O Príncipe” é, mais ou menos, um sumário de práticas que
eram correntes na época do Renascimento”
Obra criada
em 1513, mas publicada cinco anos mais tarde, tem como objeto central o tipo de
conduta que deve ter quem tem como projeto a restauração ou instauração de um
principado duradouro, forte, honrado e feliz. Ele se dirige aos Médici, que
haviam retomado o poder em Florença, não sem antes terem perseguido seus
opositores e inclusive prendido e mandado torturar Maquiavel, que na época era funcionário
do regime republicano, e mesmo assim, depois de um longo exílio, ele dedica sua
obra à Lorenzo de Médici. Alguns estudiosos acreditam tratar-se de uma sátira,
como obra de um moralista perspicaz que ao fingir dar conselhos ao príncipe
assim contem e descreve seus excessos sem poder sofrer censura. Mas seu
trabalho tem como objetivo maior a unificação da Itália e com isso por fim às
rivalidades fratricidas e as invasões estrangeiras. Muito mais que uma apologia
à imoralidade indispensável e legitima que se liga a toda vontade de poder, sua
significação tem uma amplitude diversa, trata-se de, para o monarca, bem
governar e pretender a onipotência, ir além das questões morais e religiosas e
com isso manter o controle eficiente do Estado, onde ele legisla e define o Bem
e o Mal público além dos limites dos mandamentos da Igreja ou da tradição moral
medieval vigente, e que nestas questões de poder, a recusa da violência é uma
tolice e que é necessário distinguir a violência “que conserta” daquela “que
destrói”.
Maquiavel insiste,
por exemplo, na incontestável vantagem para o Príncipe na manutenção de um
exército nacional, quando na época eram os mercenários que protegiam os reinos
e, portanto tinham o poder volúvel de definir o sucesso e o fracasso de seus
patrocinadores tanto nas batalhas, onde podiam ser subornados para dar a
vitória ao inimigo, ou como no ato de impor a ordem nos feudos, que podiam
saquear sem controle dos governantes. Mas, sobretudo põe em evidência a
natureza estratégica da atividade política: a virtù do mandatário, os
atributos necessários para a consecução dos objetivos de poder, firmeza de
caráter, coragem militar, habilidade no cálculo estratégico, carisma,
inflexibilidade contra os inimigos, mas também ao conceito de fortuna, relacionado ao acaso, o
desenrolar fortuito dos acontecimentos, que devem ser bem aproveitados quando
sorriem para o príncipe que os sabe avaliar e utilizar para seu lucro na obra
constante de construir seu poder. Retomando as lições dos historiadores gregos
e latinos, antecipando Hegel, o florentino observa que, em política, reinam a
violência, a astúcia, a vontade de poder e se as coisas são assim, então é
melhor colocar essas forças a serviço do Bem público e aprender seus
fundamentos a fim de utilizá-las de forma eficiente como os meios deste fim
legítimo.
A virtù
de Maquiavel não se trata absolutamente da “virtude” no seu sentido moral
habitual. Nada tem a ver com a virtude cristã, que sujeita o individuo à
vontade divina na expectativa da vida perfeita; como também não é a virtude
aristotélica, justa e racional ou a estóica, resignada e tolerante. Para
Maquiavel a virtù é a energia, a capacidade, o empenho, a eficácia e a vontade
dirigida a um objetivo. Ela designa os atributos necessários para estabelecer a
dominação: força pessoal, capacidade de ação, eficiência que tem como único critério
de avaliação o resultado final do ato. Tal concepção aparentemente fria, na
verdade contem um elemento intrínseco de moderação e equilíbrio para o
governante. Pela simples razão que o mau tirano se expõe a ira do povo, tanto
quanto à vingança dos rivais. Seus excessos em ser duro demais e os abusos do
poder podem acabar por fragilizá-lo. Mais cedo ou mais tarde podem prejudicar
sua permanência no governo e até mesmo colocar em perigo sua vida.
A prudência
do mandatário não se remete neste caso a moderação como algo moralmente
preferível, deve-se escolher ser moderado para ser mais eficiente, para manter
mais tempo o poder, para aumentar o poder sobre os rivais, para obter junto ao
povo uma opinião mais favorável. A reputação, a imagem e a opinião pública não
são apenas acessórias, mas fazem parte da virtù
e não podem ser esquecidas pelo governante sob pena de ser tirado do poder em
função de uma má comunicação junto aos súditos.
Mas o combate
político não depende apenas da virtù ,
como já vimos a fortuna, isto é, o
acaso no desenrolar dos acontecimentos, a evolução das situações e eventuais
mudanças bruscas relacionadas com o inesperado devem se possível serem
antecipadas pelo governante, num mundo em que nada está fixo e tudo progride.
Quem for hábil saberá aproveitar o cambio, que nem sempre será os dos
resultados esperados inicialmente, mas não se permite a inércia nesse jogo, que
deve ser administrado, pois o poder não aceita o vácuo. E que o príncipe ao
conhecer os acontecimentos do passado esteja preparado para todas as insídias,
e para contra-atacá-las dedicando diariamente um tempo para estudar como
reagiria diante daquele ou desse acontecimento, o que aliás adianta a moderna
teoria do estudo de “cenários” de guerra e de paz. O que Maquiavel delineia, em
certo sentido, é uma teoria geral da ação: nem totalmente soberana, já que a fortuna pode mudar o plano inicial, nem
de tudo impotente, pois nossos planos devem servir para prever e aproveitar o
acaso para obter-se o sucesso até mesmo em função dos contratempos.
Para Maquiavel é fundamental que o príncipe crie uma força nacional de cidadão soldados sob seu comando, que ajudará a manter o poder. Quem domina a Arte da Guerra, mas ainda não tem poder, poderá conquistá-lo, e quem já o tem poderá conservá-lo contra os rivais. De modo inverso, quem não o domina não poderá conquistá-lo e nem conservá-lo se o tiver.
É então
essencial estar preparado, o que não significa estar armado, mas sim conhecer a
Arte da Guerra e conhecer as leis do combate vitorioso. Se a realidade política
é a luta, mais cedo ou mais tarde será necessário dispor dos recursos
necessários para se fazer o bom combate de forma eficiente, esse é um dos
atributos do poder. Maquiavel não faz o elogio da guerra que, neste caso não é
apenas uma opção de escolha, mas uma simples constatação de como funciona a
realidade da política humana até nossos dias.
Na social
democracia vigente e da nova esquerda da América Latina, influenciada pelas
esquerdas européias do período pós guerra fria, a rejeição intelectual gerada
contra os grandes instauradores do socialismo real e pragmático, como foram Josef
Stalin e Mao Zedung, implantou no imaginário do Ocidente uma falsa filosofia
pacifista de esquerda promotora da ideia do desarmamento unilateral e criou-se uma verdadeira fobia
pelo conflito armado, chegando a um radical pavor contra qualquer tipo de luta armada.
Os pensadores ocidentais de esquerda rejeitam a noção da inevitabilidade da
guerra do socialismo contra as grandes corporações e seus governos títeres,
conflito que, querendo ou não, certamente ocorrerá em futuro próximo, quando
grandes multidões sem emprego ocuparão as ruas dos centros urbanos, uma ameaça
real da volta da barbárie no mundo, o que já representa uma visão de derrota
antecipada da implantação do pensamento socialista e torna hoje obrigatória a
reflexão profunda sobre a obra de Maquiavel e suas implicações atuais. Ele
apenas põe em relevo a realidade do mundo, que ainda permanece o mesmo, e
também a luta amoral dos poderosos pelo poder.
Deve-se,
portanto deixar de julgar, de lamentar-se, de sonhar utopias, de confundir
desejos com a realidade, e partir para a ação no sentido de desmontar os
mecanismos do funcionamento efetivo do poder dominante, das relações humanas e
a domesticação cultural das massas, da história oficial, sempre uma visão em
retrospectiva de fatos imposta pelos meios, ou deixar de promover a crítica
sobre acontecimentos que já ocorreram e de personagens que cometeram seus
acertos e erros na esfera da aplicação do socialismo, e perceber que a verdade afinal
não é uma questão absoluta.
Quatro
pontos principais são destacados por Maquiavel em sua obra:
Em primeiro
lugar, ele restringe a questão política a uma só reflexão central: tomar o
poder, para quem não o tem, ou conservá-lo caso o tenha. Não se trata mais de
perder tempo tentando definir o que é o bem comum ou a natureza política do
homem em sua visão aristotélica. Os conceitos chave não são mais a philia, ou amizade em grego, esta
afinidade natural entre os homens, nem a humanitas
que Cícero propôs como impulso da coisa pública, na comunidade humana.
Para
Maquiavel só interessa refletir sobre o conjunto das técnicas de aquisição e
conservação do poder. Ao final de fato é isso que importa na coisa política
para se poder atingir os interesses do poder.
Essa ciência
é um processo dinâmico onde o governante está em constante evolução, a política
é uma luta permanente, movimento incessante, evolução de criação contínua.
Trata-se de criação de novos estados e sua perenização, pois o príncipe que
herda um estado já existente deve estar preocupado em expandi-lo visando
estender seu domínio e seu poder. De outra forma ele o perde, pois os inimigos
que o cercam irão crescer às suas custas. O que fica estagnado já possui a
tendência de regressão em seu bojo.
Desse modo,
a tática de quem governa se inscreve num movimento sem fim: conflito para
expansão, defesa contra as potências adversárias, sem deixar de levar em conta
os movimentos da opinião pública e suas mudanças bruscas e perigosas motivadas
por paixões passageiras.
A ação
política na visão de Maquiavel inscreve-se num fundo de precariedade que define
sua existência. Estados surgem e sucumbem conforme nos ensina a história. Essa
dinâmica nunca cessa. Para ele a história é um processo de progressão e
regressão com a repetição constante do curso dos acontecimentos em escala
crescente, já que a condição humana é imutável.
A última
ruptura do pensamento de Maquiavel em relação aos dogmas idealizados até então
sobre a arte de governar está em centralizar a análise política no jogo das
paixões humanas. Foi ele o primeiro a conceber de forma clara e radical o jogo
político como um conflito de paixões (domínio, poder, vingança) ligadas a
interesses econômicos e militares. E esse jogo se torna mais complexo em função
das paixões populares. Pois o povo, segundo a acepção dele, abriga todo o tipo de expectativa vã e de
falsas crenças que devem ser estimuladas ou desviadas para outros fins.
Na esfera
dos conflitos das paixões humanas a construção de chamarizes para atrair a
opinião pública são elementos centrais do controle político proposto por
Maquiavel. Essas pseudo-verdades interiores, que são as paixões de cada
individuo, seja ele príncipe ou homem do povo, determinam, por baixo da mesa,
de forma inconsciente, o destino final das coisas do reino.
Aquele que
exerce o poder, não encontra o Bem inscrito em qualquer parte por onde procure,
nem na natureza humana, nem na sociedade, e tem diante de si pelo contrário uma
realidade envolvida pelo conflito permanente, e pela desordem dos interesses
envolvidos.
Desse ponto
de vista, o pensamento de Maquiavel considera apenas a eficácia. O sucesso do
governante se adquire por força da habilidade concreta e circunstanciada e não
em função de ideais, de modelos ou regras morais preconcebidas, caso pretenda
de fato o poder. O importante é alcançar suas metas, quaisquer que sejam os
meios utilizados.
Em 1527
Maquiavel faleceu sem ver seu sonho de uma Itália unificada e longe das mãos
dos estrangeiros. Neste mesmo ano uma horda germânica enviada por Carlos V,
imperador do Sacro Império Romano Germânico e rei da Espanha saqueia Roma
depois de invadir a península itálica e promover o caos e a destruição nas suas
províncias.
Esta lição
de desconstrução do projeto libertário está na atualidade sendo duramente aprendida pelas
esquerdas da A. Latina cuja presença de governos populares no poder tem resultado historicamente
em avanços e recuos pontuais e derrotas sangrentas, pois os interesses
conservadores possuem muito mais liberdade em alcançar seus objetivos do ponto
de vista de Maquiavel e a vantagem de disporem do tempo ao seu favor para
desgastarem as forças populares cooptando-as ou simplesmente derrotando-as
através dos golpes de estado, com armas ou não, que promovem através das
instituições em seu poder, que em última análise sempre são compostas por
áulicos das classes dominantes que estão entranhados nos gabinetes de carreira desde
o período colonial. Uma das estratégias comumente usadas, que servem os
interesses dominantes é a criminalização dos movimentos sociais e o
indiciamento criminal de seus líderes, pois assim conseguem criar um
contencioso e iludir boa parte da maioria silenciosa, através dos meios de
comunicação oficial, de onde sempre tiveram controle absoluto como seus
proprietários formadores de opinião.
Portanto não
será com acertos políticos à direita que a esquerda, e principalmente a social
democracia legitimada por uma falsa lei partidária, logrará alcançar o poder
para promover as justas mudanças sociais que os países do hemisfério sul, e da
América Meridional em especial necessitam. Os conservadores e neoliberais estão
dispostos a tudo para manter seus privilégios centenários, se for preciso até
mesmo ao uso da força e do assassinato seletivo, para não ter que abrir mão do
poder que sempre tiveram sobre a coisa pública, em especial sobre a governança
e a justiça com seus tribunais de exceção, e farão tudo para manter constante o
fluxo das riquezas naturais para as metrópoles que historicamente lhes
financiam e os mantém no status de mandatários de fato das nações.
Sem uma
estratégia de criação de uma organização cívico marcial ou paramilitar empreendida entre os partidos
socialistas através de recrutamento e treinamento adequado de seus quadros mais jovens, a
criação de universidades de ciências políticas com livre acesso de pessoas
oriundas das comunidades com razoável carisma (virtù) e bom nível de aprendizado para a formação de novas lideranças e a preparação para o
enfrentamento armado através de ligas de autodefesa populares e tiros de guerra,
organizadas com planejamento de longo prazo, metas e objetivos estratégicos bem definidos,
nunca poderemos romper as amarras que as classes dominantes erradamente
insistem em subjugar o continente, em prejuízo até mesmo dos interesses delas
próprias, em função de um viés cultural adquirido pelas elites nos salões de
reuniões e centros comerciais estrangeiros, ideais incentivados e propalados
pelos países do hemisfério norte, hoje mergulhados em profunda crise e na
opressão de suas populações, tentando suas ultimas cartadas para manter a
hegemonia de poder sobre os países detentores de riquezas naturais através de
minorias corruptas num momento crucial onde a própria sobrevivência da
humanidade está em jogo.
Exemplos recentes onde o apoio militar ocorreu e onde deixou de ocorrer deixa clara a fragilidade do pensamento pacifista de esquerda. Na Venezuela de Chaves quando houve a tentativa de golpe foi uma parcela importante das forças armadas que legitimou a volta do líder ao poder. No Chile democrático de Allende a falta de apoio no seio das forças armadas facilitou o golpe sangrento e a instauração de uma ditadura sanguinária por décadas. Em El Salvador e na Nicarágua a força dos movimentos populares foram indispensáveis para derrubar os regimes ditatoriais apoiados pelo governo norte americano.
Ler também:
http://vermelhofourth.blogspot.com.br/2015/03/vo-nguyen-giap-o-homem-e-arma.html
http://vermelhofourth.blogspot.com.br/2014/12/textos-militares-escolhidos-lenin.html
Exemplos recentes onde o apoio militar ocorreu e onde deixou de ocorrer deixa clara a fragilidade do pensamento pacifista de esquerda. Na Venezuela de Chaves quando houve a tentativa de golpe foi uma parcela importante das forças armadas que legitimou a volta do líder ao poder. No Chile democrático de Allende a falta de apoio no seio das forças armadas facilitou o golpe sangrento e a instauração de uma ditadura sanguinária por décadas. Em El Salvador e na Nicarágua a força dos movimentos populares foram indispensáveis para derrubar os regimes ditatoriais apoiados pelo governo norte americano.
Ler também:
http://vermelhofourth.blogspot.com.br/2015/03/vo-nguyen-giap-o-homem-e-arma.html
http://vermelhofourth.blogspot.com.br/2014/12/textos-militares-escolhidos-lenin.html
O pacifismo
neste caso não é opção. Os conservadores aqui e lá querem a paz dos cemitérios. Na
América do Sul eles pretendem estraçalhar as esquerdas novamente e já iniciaram
os primeiros movimentos estratégicos neste sentido. Possuem apoio financeiro
externo para cometerem seus crimes contra as liberdades democráticas e a
autonomia dos povos. Detém o controle da mídia de onde vendem sua falácia para
pelo menos um terço da população nos países em que habitam, de onde emanam seus
subordinados para cometerem impunemente a repressão e a corrupção dos meios. Ou
tomamos novamente a dianteira na luta contra o fascismo hoje travestido de
liberalismo ou as gerações futuras irão sofrer com um jugo muito mais poderoso
do que já existe agora. Estamos cada vez mais próximos de uma nova crise mundial e possivelmente de um conflito armado de grandes proporções e tudo que vivemos hoje em termos de golpes e atropelos das instituições na manutenção do poder pelo capital já são os reflexos diretos desse momento histórico.
Leitura Sugerida:
http://vertigensdiarias.blogspot.com.br/2015/02/noam-chomsky-e-coruja-de-minerva-tempos.html
http://vertigensdiarias.blogspot.com.br/2016/05/eua-o-grande-irmao-prepara-terceira.html?spref=fb
Leitura Sugerida:
http://vertigensdiarias.blogspot.com.br/2015/02/noam-chomsky-e-coruja-de-minerva-tempos.html
http://vertigensdiarias.blogspot.com.br/2016/05/eua-o-grande-irmao-prepara-terceira.html?spref=fb
Bibliografia:
1) História das Ideias Políticas – François Châtelet, Olivier Duhamel, Evelyne Pisier-Kouchner – Ed. Zahar – 1985
2) Filosofia em Cinco Lições – Roger-Pol Droit – Ed. Nova Fronteira – 2011
3) Maquiavel – Um Seminário na Universidade de Brasília – Sérgio Bath, Lauro Esocorel de Moraes, Marcílio Marques Moreira, Alberto Venâncio Filho – Cadernos UNB – Ed. UNB – 1980
4) La Sabiduria de Occidente – Bertrand Russel – Ed. Aguilar- 1962 - Madrid
Nenhum comentário:
Postar um comentário